Não que eu
seja radical e extremista em minhas decisões, mas ter parado de acompanhar o
noticiário, principalmente televisivo, foi mais uma escolha de estilo de vida
do que somente um rebeldismo contra a mídia.
Sangue,
morte e estupro começaram a fazer parte do cotidiano, pano de fundo durante
almoço e jantar de milhões de pessoas e de certa maneira blindou a vida de
muitos, como se tudo aquilo fosse normal, mais um número para a estatística.
Não acho
que a mídia tem o papel de educar a sociedade, mas ao noticiar casos de
violência o mínimo que se deveria fazer é uma contextualização e discussão
sobre os porquês de tais fatos e junto aos órgãos públicos responsáveis por
cada caso e a própria comunidade, chegar à possíveis soluções.
Há uma
confusão enorme por parte da maioria dos noticiários onde (des)entende-se que a
mídia deva cumprir o papel da escola, polícia e o da justiça, levando a
população a heroicizar o jornalista como se fosse nossa a função de resolver
esses problemas, sem entender que este não deve ser o nosso objetivo, senão o
de cobrar os responsáveis para que providências sejam tomadas.
Quando
estagiei para uma emissora de televisão do Brasil tive contato direto com toda
a parte de produção e edição para os programas jornalísticos e um deles me
chamou mais atenção. Ele era voltado literalmente para violência, exposição e
exploração do sentimento das pessoas, buscando aumentar a audiência a custo do
sensacionalismo. Foi durante esse tempo que me perguntei se todo aquele sangue
derramado é realmente o que as pessoas querem ver ou é a falta de opção que
leva milhares de espectadores a acompanharem os noticiários diariamente?
Eu não
tenho uma opinião formada sobre isso, porque ainda não conheço alguma mídia
(levando-se em conta as mais tradicionais) que tenha mudado o foco para
matérias mais positivas, mas também não penso que essa exposição de tragédias
seja a solução para um mundo tão violento.
Atualmente
com a internet as notícias são jorradas por milhares de sites a todo minuto no
mundo inteiro e com essa exacerbação da informação não há limite do que é
noticiado. Isso gera uma pressão de que nós jornalistas devemos estar
informados de tudo o que está acontecendo o tempo todo, caso contrário será
mais um alienado.
Esse foi
mais um dos motivos que me levou a dar um tempo de um ano nos Estados Unidos.
Eu estava me sentindo frustrada por causa de todos os problemas do Brasil, como
se eu tivesse o dever e poder de mudá-los. Fiquei um ano sem ter acesso à nenhuma
mídia, tanto do Brasil quanto dos EUA (que estava em tempo de eleições
presidenciais), e percebi que essa “alienação” não mudou nada na minha vida.
Não que eu viva em uma bolha sem saber das coisas que acontecem, mas hoje eu
busco as informações que farão diferença no meu cotidiano e da comunidade que
eu esteja vivendo, onde quer que for.
Acredito
que violência só gera violência e uma sociedade que tenha contato com notícias
mais positivas tem uma vida menos rodeada de sofrimento e mais tempo para refletir
sobre mudanças que realmente devem ser feitas para resolver os problemas
enfrentados diariamente.
Hoje eu
foco cada vez mais em soluções para problemas que estão ao meu alcance e que me
taxem de radical e egoísta, mas eu vou continuar pensando na minha felicidade
em primeiro lugar e na melhor maneira de viver cada dia o mais positivo possível.
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Normalization of violence
Not that I’m radical and extremist in my decisions, but I have stopped
following the news, especially the television. It was more a choice of
lifestyle instead of just rebellion against the media.
Blood, death and rape started to be part the background of everyday life during
lunch and dinner time for millions of people. In some ways it permeates the
lives of many, as if all of that was normal, just another number for the
statistic.
I don’t think the media has the role to educate the society.
When reporting cases of violence the least to be done is a contextualization
and discussion about the causes of such facts and, with the public agencies
responsible for each case, as well as the community itself, get to possible
solutions.
There’s a lot of confusion on the part of most news where
they (mis)understand that the media should fulfill the role of school, police
and justice. This causes the population to heroicize the journalist, as if it
was our function to solve these issues, without understanding that this
shouldn’t be our goal. Instead, our goal should be to charge those responsible
to take proper action.
When I interned for a television station in Brazil, I had
direct contact with every part of production and editing for the journalistic
programs and one of them caught my attention. It was literally turned to
violence, exhibition and exploitation of people’s feelings, seeking to increase
the audience through the use of sensationalism. It was during that time that I
asked myself if all this bloodshed is what people want to see. Or is the lack
of options that makes millions of spectator follow the news every day?
I don’t have a formed opinion about it, because I still don’t
know any traditional media that has changed the focus to more positive news
stories. But I don’t think that this exhibition of tragedies is the solution to
such a violent world.
Nowadays with the internet, the news pours from thousands of
websites every minute worldwide and with the increase of information there’s no
limit of what is reported. This generates a pressure that we journalists must
be informed of everything that is going on all the time, otherwise we will be
out of the loop.
This was another reason that I took a break for one year in
the United States. I was feeling frustrated because of all the problems of
Brazil, as if I had the duty and the power to change them. I spent one year
without having access to any media, both from Brazil and the U.S (this was
during the United States’ presidential elections), and I realized that this
“alienation” didn’t change anything in my life. Not that I live in a bubble
without knowing the things that happen, but today I seek for information that
will make a difference in my daily life and the community that I am living,
wherever it is.
I believe that violence only brings violence and a society
that has access to more positive news has a life surrounded of less suffering
and more time to reflect about changes that really must be done to solve the
problems faced daily.
Today I focus more and more on solutions for problems that
are within my reach. Call me radical and selfish, but I’ll keep thinking about
my happiness first and focus on the best way to live each day as positive as
possible.
Nao precisamos tomar conhecimento de todo sofrimento do mundo. Vamos tentar amenizar o que esta a nossa volta. Parabéns filhota!
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