Friday, October 19, 2012

Criança e professor, os melhores educadores (Child and teacher, the best educators)



(English version below) 
Cada pessoa tem um papel na sociedade e ele deve ser valorizado quando exercido de maneira legítima em prol da transformação da realidade para um mundo melhor. Nos dias 12 e 15 de outubro comemoramos respectivamente o Dia das Crianças e Professores no Brasil. Penso que são poucos os que são capazes de nos ensinar tanto quanto eles. Será que temos lhes dado o devido valor?
Durante dois momentos na minha vida eu trabalhei com crianças. Em 2008 morei em um abrigo na África do Sul para cuidar de meninos e meninas com traumas e outros problemas. Em 2011 morei por um ano com uma família nos Estados Unidos trabalhando como babá. As situações são completamente diferentes, mas a essência é a mesma. Independente da situação econômica ou da cultura em que vivem, as crianças são puras e sinceras e vivem cada momento como se fosse o último.
Use 10 minutos do seu tempo para reparar uma criança e perceber o quanto ainda temos para aprender. Eles não tem vergonha do que fazem porque não se importam com o que os outros pensam. Dão rizadas gostosas sem se preocupar com o que os adultos chamariam de ridículo. Não tem preconceitos, não se importam com coisas materias, nem pensam em passado ou futuro. Então eu me pergunto: quando durante o processo de amadurecimento se perde essa essência?
É graças ao que aprendi com todas essas crianças que agora tento viver uma vida mais simples com menos coisas materias e mais pessoas que de fato são especiais, aproveitar cada momento, não ter vergonha de quem sou ou do que faço, ser feliz.
E é também através do aprendizado passado pelos meus professores que reflito sobre a importância deles para a formação da pessoa que eu sou hoje. Passei por muitas salas de aula e mesmo não tendo sido uma aluna exemplar, muitas das coisas que sei é graças a dedicação de todos eles e se não fossem aquelas aulas entediantes, as broncas, as provas e simulados, eu talvez não estaria escrevendo este blog para praticar o meu conhecimento e experiências e ser uma jornalista.
Infelizmente a crise da educação que o Brasil passa parece interminável. A falta de respeito com os professores está aumentando no mesmo ritmo da corrupção, da violência, do trânsito. Existe alguma ligação entre todos esses acontecimentos? A educação é a base para uma sociedade mais justa, para a transformação de um futuro em um mundo melhor e tudo está conectado com o aprendizado que recebemos enquanto somos alunos, função que só vamos parar de exercer quando morrermos.
Que datas como essas seja motivo de uma profunda reflexão sobre a importância deles. Criança e professor, todos temos um pouco de cada um. Vamos celebrar esses dias com mais amor e mais respeito por estes que sempre estarão na nossa vida e tem muito a nos ensinar.

“E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?
Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo tem andado a ensinar?"
(José Saramago)


Este vídeo foi feito na favela Klipheuwel enquanto morei na África do Sul.
This video was made in the slum Klipheuwel while I lived in South Africa.

*As fotos foram tiradas na escola Stephen Mazungula em Port Elizabeth, lugar de aprendizado de centenas de crianças, a maioria órfãs.
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Child and teacher, the best educators
Each person has a role in society and it should be valued when exercised in a legitimate way towards the transformation of reality to a better world. On October 12th and 15th we celebrate respectively Children's and Teachers’s Day in Brazil. I think there are few who are able to teach us as much as them. Have we given them the proper value?
During two times in my life I have worked with kids. In 2008 I lived in a Children’s Home in South Africa to take care of boys and girls with traumas and other issues. In 2011 I lived for a year with a family in the United States working as a nanny. The situations are completely different, but the essence is the same. Regardless of economic situation or culture in which they live, children are pure and sincere and live each moment like it is their last.
Use 10 minutes of your time to watch a child and realize how much we still have to learn. They are not ashamed of what they do because they do not care what others think. They laugh freely without worrying about what adults would call ridiculous. The child has no prejudices, doesn’t care about material things, nor think about the past or future. So I ask myself: when during the maturing process is that essence lost?
It is thank to what I learned from all these children that I now try to live a simpler life with fewer material things and more people who are indeed special, enjoying every moment, not being ashamed of who I am or what I do, being happy.
And it is through the learning from my past teachers whose importance reflects on the person I am today. I went through many classrooms and, though I haven't been an exemplary student, many of the things I know is thanks to the dedication of all of them. If it wasn't for those boring classes, the scoldings, the difficult tests, I might not be writing this blog to practice my knowledge and experience and be a journalist.
Unfortunately the education crisis that is in Brazil seems endless. The lack of respect for teachers is increasing at the same rate of corruption, violence and traffic. Is there any connection between these events? Education is the foundation for a more just society, the transformation of a future in a better world and everything is connected with the learning that we receive while we are students, function that we stop exercising just when we die.
May days like these be reason for a deep reflection about the importance of them. Child and teacher, we all have a little of each in us. Let’s celebrate these days with more love and more respect for those that always will be in our life and have much to teach us. 


“And if stories for children started to be required reading for adults?
Would they be able to really learn what for so long they have been teaching?” (Free translation)
José Saramago

* The pictures were taken at Stephen Mazungula school, place of learning for hundreds of children, the most of them orfans.

Tuesday, October 2, 2012

Banalização da violência (Normalization of violence)

(English version below)
Não que eu seja radical e extremista em minhas decisões, mas ter parado de acompanhar o noticiário, principalmente televisivo, foi mais uma escolha de estilo de vida do que somente um rebeldismo contra a mídia. 
Sangue, morte e estupro começaram a fazer parte do cotidiano, pano de fundo durante almoço e jantar de milhões de pessoas e de certa maneira blindou a vida de muitos, como se tudo aquilo fosse normal, mais um número para a estatística.
Não acho que a mídia tem o papel de educar a sociedade, mas ao noticiar casos de violência o mínimo que se deveria fazer é uma contextualização e discussão sobre os porquês de tais fatos e junto aos órgãos públicos responsáveis por cada caso e a própria comunidade, chegar à possíveis soluções.
Há uma confusão enorme por parte da maioria dos noticiários onde (des)entende-se que a mídia deva cumprir o papel da escola, polícia e o da justiça, levando a população a heroicizar o jornalista como se fosse nossa a função de resolver esses problemas, sem entender que este não deve ser o nosso objetivo, senão o de cobrar os responsáveis para que providências sejam tomadas.
Quando estagiei para uma emissora de televisão do Brasil tive contato direto com toda a parte de produção e edição para os programas jornalísticos e um deles me chamou mais atenção. Ele era voltado literalmente para violência, exposição e exploração do sentimento das pessoas, buscando aumentar a audiência a custo do sensacionalismo. Foi durante esse tempo que me perguntei se todo aquele sangue derramado é realmente o que as pessoas querem ver ou é a falta de opção que leva milhares de espectadores a acompanharem os noticiários diariamente?
Eu não tenho uma opinião formada sobre isso, porque ainda não conheço alguma mídia (levando-se em conta as mais tradicionais) que tenha mudado o foco para matérias mais positivas, mas também não penso que essa exposição de tragédias seja a solução para um mundo tão violento.
Atualmente com a internet as notícias são jorradas por milhares de sites a todo minuto no mundo inteiro e com essa exacerbação da informação não há limite do que é noticiado. Isso gera uma pressão de que nós jornalistas devemos estar informados de tudo o que está acontecendo o tempo todo, caso contrário será mais um alienado.
Esse foi mais um dos motivos que me levou a dar um tempo de um ano nos Estados Unidos. Eu estava me sentindo frustrada por causa de todos os problemas do Brasil, como se eu tivesse o dever e poder de mudá-los. Fiquei um ano sem ter acesso à nenhuma mídia, tanto do Brasil quanto dos EUA (que estava em tempo de eleições presidenciais), e percebi que essa “alienação” não mudou nada na minha vida. Não que eu viva em uma bolha sem saber das coisas que acontecem, mas hoje eu busco as informações que farão diferença no meu cotidiano e da comunidade que eu esteja vivendo, onde quer que for.
Acredito que violência só gera violência e uma sociedade que tenha contato com notícias mais positivas tem uma vida menos rodeada de sofrimento e mais tempo para refletir sobre mudanças que realmente devem ser feitas para resolver os problemas enfrentados diariamente.
Hoje eu foco cada vez mais em soluções para problemas que estão ao meu alcance e que me taxem de radical e egoísta, mas eu vou continuar pensando na minha felicidade em primeiro lugar e na melhor maneira de viver cada dia o mais positivo possível.

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Normalization of violence 
            Not that I’m radical and extremist in my decisions, but I have stopped following the news, especially the television. It was more a choice of lifestyle instead of just rebellion against the media.
            Blood, death and rape started to be part the background of everyday life during lunch and dinner time for millions of people. In some ways it permeates the lives of many, as if all of that was normal, just another number for the statistic.
I don’t think the media has the role to educate the society. When reporting cases of violence the least to be done is a contextualization and discussion about the causes of such facts and, with the public agencies responsible for each case, as well as the community itself, get to possible solutions.
There’s a lot of confusion on the part of most news where they (mis)understand that the media should fulfill the role of school, police and justice. This causes the population to heroicize the journalist, as if it was our function to solve these issues, without understanding that this shouldn’t be our goal. Instead, our goal should be to charge those responsible to take proper action.
When I interned for a television station in Brazil, I had direct contact with every part of production and editing for the journalistic programs and one of them caught my attention. It was literally turned to violence, exhibition and exploitation of people’s feelings, seeking to increase the audience through the use of sensationalism. It was during that time that I asked myself if all this bloodshed is what people want to see. Or is the lack of options that makes millions of spectator follow the news every day?
I don’t have a formed opinion about it, because I still don’t know any traditional media that has changed the focus to more positive news stories. But I don’t think that this exhibition of tragedies is the solution to such a violent world.
Nowadays with the internet, the news pours from thousands of websites every minute worldwide and with the increase of information there’s no limit of what is reported. This generates a pressure that we journalists must be informed of everything that is going on all the time, otherwise we will be out of the loop.
This was another reason that I took a break for one year in the United States. I was feeling frustrated because of all the problems of Brazil, as if I had the duty and the power to change them. I spent one year without having access to any media, both from Brazil and the U.S (this was during the United States’ presidential elections), and I realized that this “alienation” didn’t change anything in my life. Not that I live in a bubble without knowing the things that happen, but today I seek for information that will make a difference in my daily life and the community that I am living, wherever it is.
I believe that violence only brings violence and a society that has access to more positive news has a life surrounded of less suffering and more time to reflect about changes that really must be done to solve the problems faced daily.
Today I focus more and more on solutions for problems that are within my reach. Call me radical and selfish, but I’ll keep thinking about my happiness first and focus on the best way to live each day as positive as possible.

Friday, September 21, 2012

Evolução Espiritual (Spiritual Evolution)


(English version below)
No passado sempre tive problemas com religiões. Apesar disso tentava encontrar algo que pudesse preencher um vazio que eu sentia e nem mesmo sabia o que era. Depois que cheguei à espiritualidade, não só o vazio foi preenchido, mas a minha vida passou a fazer muito mais sentido.
             Acreditar na força das energias e em Deus me fez enxergar que a vida vai muito mais além daquilo que eu via todo dia no meu cotidiano. Não que esse cotidiano tenha mudado muito, mas agora eu o vejo com outros olhos e consigo viver cada momento com muito mais alegria e paz.
             Eu não acredito em Deus pra ter uma explicação para a morte e ficar mais confortável, mas eu o sinto todo o tempo. Ele é discreto, às vezes tenho que fechar os olhos pra senti-lo, mas Ele está lá. Quando estou meio à natureza então, percebo essa força superior de maneira ainda mais aflorada, não precisando nem me esforçar, e sinto a Sua energia, a Sua lógica.
A lógica de Deus é perfeita. Pensa em todo o Universo. Não só os planetas e animais, mas os sentimentos, a complexidade do corpo humano, a água de uma cachoeira e como tudo isso se relaciona tão harmoniosamente, sem a nossa intromissão, é claro. Isso foi deixado pra todos nós, pra que da melhor maneira possível possamos conviver juntos, buscar a paz dentro de nós mesmo, nos refinar, unir à Ele e evoluir.
Às vezes se perde tanto tempo com coisas que não valem a pena. A raiva, por exemplo, aparece de repente e fica lá no coração, e na maioria das vezes por bobeirinhas que poderiam passar despercebidas, que até uma respiração mais forte naquele momento a purificaria. Insista nas coisas que valham a pena, que vão lhe acrescentar algo.
A vida é o agora, o passado já se foi. Se erros foram cometidos pague por eles com responsabilidade e os transforme em aprendizado. Hoje estou pagando por erros que cometi no passado em relação à minha faculdade. Mas o que posso fazer agora senão consertá-los? Ficar com raiva? Essa não é a solução para o meu problema.
             E o futuro é o amanhã. Pra quê pressa? Até morar nos Estados Unidos eu me achava uma pessoa tranquila que vivia cada momento, mas a insegurança de estar morando em um país diferente e os problemas de comunicação e compreensão me levou a ser tão rígida comigo mesma por causa dos erros que cometia e à uma tamanha auto-cobrança de que eu deveria ser perfeita e só fazer acertos no futuro. De repente ao perceber que havia engordado 11kg busquei a fundo a origem do problema e me deparei com a ansiedade. Focar em águas passadas ou a cobrança de só se fazer acertos no futuro nos leva a ser expectadores do presente, sem vivê-lo.
Ao entender que o agora é o momento de mudar, mas que somente com paciência e sabedoria eu iria acertar, eu troquei o peso dos meus ombros pela clareza de viver cada dia e tomar as decisões certas.
             Esse tempo que “perdi” me faz hoje analizar quantas coisas boas nesse mundo podemos fazer, quantos sentimentos bons temos para preencher o nosso coração e assim ter a certeza do amor, da felicidade e a busca da Evolução Espiritual.

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Spiritual Evolution
 In the past I always had problems with religions. However, I was trying to find something that could fill a void that I felt and didn’t even know what it was. After I arrived in the spirituality, not only the void was filled, but my life began to make more sense.
Believing in the power of energy and in God made me see that life goes far beyond of what I used to see every day in my daily life. Not that this daily life has changed a lot, but now I see it with different eyes, and I can live each moment with much more joy and peace.
 I don’t believe in God in order to have an explanation for death and be more comfortable, but I feel Him all the time. He is discrete, sometimes I have to close my eyes to feel, but He is there. When I'm surrounded by nature then, I perceive this superior force even more touched on, not even needing to push myself, and I feel His force, His logic.
             God’s logic is perfect. Think about the entire universe. Not only the planets and animals, but the feelings, the complexity of the human body, the water of a waterfall and how it all relates so harmoniously, without our meddling, of course. That was left for all of us, for which the best way possible we can live together, seek the peace within ourselves, refine, join Him and evolve.
Sometimes one loses so much time with things that aren’t worth it. Anger, for example, suddenly appears and stays there in the heart, and most of the time from silly things that could pass unnoticed, that even a deep breath at that moment would purify. Focus on things that are worthwhile, which will add something to you.
Life is now, the past is gone. If mistakes were made pay for them with responsibility and turn them into learning. Today I’m paying for mistakes I made in the past about my college. But what can I do now to fix it? Get angry? This is not the solution for my problem.
And the future is tomorrow. Why rush? Until living in the Unites States I thought I was a calm person, who lived each moment, but insecurity to be living in a different country and the communications and comprehension problems  led me to be so hard on myself because of the mistakes committed and such a self-charging that I should be perfect and only succeed in the future. Suddenly realizing that I had gained 24lb I sought deep the origin of the problem and I found myself with anxiety. Focusing on past water or the need to always be perfect in the future leads us to be spectators of the present, without living it.
Understanding that now is the time to change, but only with patience and wisdom I would hit the mark, I exchanged the weight on my shoulders for the clarity to live each moment and make the right decisions.
             That time that I “lost” makes me today realize how many good things we can do in this world, how many good feelings we have to fill our heart and so live each day with the certain of love, joy and the search for the Spiritual Evolution.

Monday, September 17, 2012

Família, tô indo! (Family, I'm leaving!)



(English version below)
Segundo a minha mãe, essa é minha frase clássica quando decido viajar ou morar em outro lugar. Desde pequena sempre quis desbravar o mundo onde fosse possível, começando pela casa das minhas amigas, que eu insistia em tê-las como minha. 
Não era falta de um lar, porque sempre tive um maravilhoso. Mas a sensação de liberdade, de contato com o outro, sempre falava mais alto no meu coração.
"O mundo é a sua casa", já dizia ela, que me respeita e apoia em todas as decisões da minha vida, com a sabedoria do olhar de mãe e com a pureza no coração de entender e aceitar o que é melhor pra mim, sem ser egoísta de me querer em casa. 
E é dessa maneira que a minha família me dá asas para voar e raízes para eu ter um lugar sempre que eu quiser voltar. E mesmo amando estar "no mundo", a certeza de saber que tenho uma casa com a minha família é que me dá essa força de voar mais alto.
Então é aqui nesse diário de bordo que serão registradas as minhas andanças, experiências, visão de mundo e contato com a espiritualidade, porque afinal, é da força e da luz de Deus que tiro a vontade de viver e conhecer o mundo que vejo pela minha janela.

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Família, tô indo!
According to my mom, this is my classic phrase when I decide to travel or live anywhere else (in English: Family, I'm leaving!). Since when I was little, I always wanted to explore the world in every possible way, starting with my friends' houses, which I insisted on making my own.
It wasn't lack of a home, because I always had a wonderful one, but instead the feeling of freedom, and contact with others, that always spoke louder in my heart.
"The world is your home," said my mother, who respects and supports me in all decisions of my life. With the wisdom of a mother's look and with purity in her heart she understands and accepts what is the best for me, without being selfish wanting me at home.
And that's the way that my family gives me wings to fly and roots to have a place always when I want to come back. And even loving to be "in the world", the confidence in knowing that I have a house with my family is what gives me the strength to fly higher.
So here in this logbook will be recorded my wanderings, experiences, worldview and contact with spirituality, because after all, it is from the light and power of God that I take the will to live and know the world I see through my window.